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Hackers do bem
Fazer um debate honesto sobre transporte público coletivo é um desafio. Como entender que esse serviço essencial a população, descrito na Constituição Federal como Direito Social – no mesmo patamar que educação, saúde e moradia – padece com a escassez de investimentos públicos? Como não admitir que este é um problema das cidades, e não uma simples relação comercial entre quem compra e quem vende um produto?
Como defender que neste setor a irrestrita concorrência entre os prestadores e serviço é nefasta e excludente? Em uma rede complexa como é o caso da RMTC, necessariamente existem dezenas de linha deficitárias, onde a tarifa paga por quem usa não consegue suprir os custos da operação? Como seria a vida dessas pessoas sem esse serviço? E se todos itinerários noturnos fossem excluídos porque comercialmente não são viáveis?
Perguntas como essas não se sanam apenas com respostas. É necessário estabelecer uma cultura de debate sobre a mobilidade urbana e desmistificar algumas “verdades absolutas” para que se possa progredir.
As grades curriculares e práticas acadêmicas nas escolas de arquitetura, que por vocação deveriam estudar o tema, negligenciam sua importância para a cidade. Daí a relevância do Hackinnovation Mobinova que aconteceu esse fim de semana em Goiânia. Uma espécie de maratona de hackers, formada majoritariamente por jovens com menos de 25 anos que são estudantes universitários ou recém formados em arquitetura, engenharia ou áreas ligadas ao desenvolvimento tecnológico. Uma imersão de 48 horas ininterruptas de muito trabalho onde o objetivo foi melhorar a forma como as pessoas se deslocam por aqui, com desenvolvimento de soluções que fomentam negócios inovadores e aplicação para a mobilidade urbana sustentável.
Dos 80 selecionados para desenvolver as ideias, 90% nunca participou de um debate sobre mobilidade urbana. Independente das soluções criadas e da classificação de cada um nessa competição, o reforço de oito dezenas de formadores de opinião discutindo transporte público coletivo com uma abordagem mais honesta, é muito positivo.Olmo Xavier
Arquiteto, Urbanista e Assessor de Mobilidade do RedeMob Consórcio
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