• Excesso de veículos nas ruas contribui para aumento da violência no trânsito

    30/05/2014 Categoria: Trânsito e Transporte

    De janeiro a abril deste ano, 3.059 pessoas deram entrada na principal unidade de atendimento de urgência da Região Metropolitana de Goiânia vítimas de acidentes de trânsito, número 8,2% maior que no mesmo período de 2013. Apesar do aumento, a quantidade de pacientes envolvidos em acidentes de ônibus foi 43,48% menor.

    Os dados foram divulgados pelo jornal O Popular na última quinta-feira, 29, e são do Hospital de Urgências de Goiânia (Hugo), que atende 99% dos resgates de média e alta complexidade realizados pelo Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu) e Corpo de Bombeiros.

    Na reportagem, o diretor técnico do Hugo, Nasser Rodrigues Tannus disse que os números podem ser um reflexo do aumento da frota de veículos individuais em decorrência da falta de investimento no transporte público coletivo. “Estamos vendo muitas vítimas de acidentes de motocicletas com motocicletas, coisa que não existia há algum tempo”, disse lembrando, ainda, que 235 mil novos veículos ocuparam as ruas da capital no último ano.

    O balanço mostra que a maioria dos pacientes foram vítimas de acidentes com motocicletas (64%), seguido por 16% de acidentes com carro, 13% de atropelamentos, 6,6% de outros tipos de veículos e menos de 0,5% estavam envolvidas em acidente de ônibus.

    Os registros do Hugo também mostram que, somente este ano, 116 pacientes já morreram na unidade vítimas da violência no trânsito em Goiás, 77 deles em acidentes de carro ou motocicleta. Apesar de a estatística ser 25% maior que no ano passado, nenhuma das mortes registradas no Hospital até o mês de abril foi provocada por acidente de ônibus.

    Crédito: Jornal O Popular

    Crédito: Jornal O Popular

     

    Falta priorizar o transporte coletivo

    Para o coordenador regional da Associação Nacional de Transportes Públicos (ANTP), Antenor Pinheiro, o aumento das vítimas do trânsito associa-se principalmente ao aumento vertiginoso da frota de veículos e à falta de uma política articulada para reduzir o número de acidentes. “As ações educativas dos órgãos de trânsito são muito pontuais e desprovidas de uma pedagogia atual. Hoje, você tem de educar as pessoas para a mobilidade. É preciso priorizar o transporte coletivo, o pedestre e o ciclista”, relatou ao O Popular.

    Antenor Pinheiro explica que a disputa desigual entre carros, motos e ônibus nos espaços urbanos interfere na velocidade dos ônibus, tornando as viagens mais demoradas e desconfortáveis e, consequentemente, levando as pessoas a escolherem o transporte individual. “Com a regularidade e a frequência prejudicadas, a credibilidade do serviço fica comprometida e as pessoas tendem a optar pelo transporte individual. E se adicionarmos mais ônibus nas ruas já saturadas para competir espaços com a predominante frota de carros/motos, o que teremos é o agravamento de retenções e congestionamentos”, disse o especialista à RMTC em reportagem publicada no ano passado.

    Ele defende os investimentos em infraestrutura para dar mais fluidez ao transporte coletivo. “O corredor exclusivo permite o desempenho ideal da velocidade comercial dos ônibus, pois não haverá disputa na ocupação dos espaços de mobilidade. Se a ele se somam tecnologias de sincronização de semáforos, pontos de ultrapassagem intracorredores e/ou a redução de interseções transversais, ainda mais será otimizada esta velocidade. Por consequência, haverá inequívoco cumprimento das planilhas de viagens”.