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Artigo de Opinião: Sobre o corredor da T-63
Toda vez que é vetado o parar e estacionar em uma avenida de Goiânia, a grita é geral. “O comércio da via quebrará”. “Os clientes não têm onde estacionar”. “A prefeitura não discutiu o assunto antes”. Já sou velho o suficiente para que outros casos saltem em minha memória tal qual sapos no brejo. As histórias da 85, T-7 e T-9 estão aí para não me deixar mentir. Só muda o local dentro de nossa cidade, mas o papo é sempre o mesmo.
Entendo a preocupação dos comerciantes da T-63. É assim em nosso mundo cão. Cada um que salve o seu. Mas não acho que seja tão aterrorizador assim. No começo, a queda da movimentação será sentida. O momento de adaptação é sempre mais tenso. Passado um tempo, tudo se normaliza. Alguns não resistirão. Outros terão que mudar de ponto. Triste, mas essa é a vida.
Não há nenhuma intervenção urbana que não contrarie algum tipo de interesse. Na construção de um viaduto, a imediação do local será alterada para sempre – olhe o cruzamento da Independência com a República do Líbano e perceba. Na duplicação de uma pista, um monte de imóveis precisará passar por desapropriação – lembre-se da história da própria T-63. Na proibição de estacionamento, o comércio sentirá o baque no primeiro momento. São efeitos colaterais que não há como fugir.
Os corredores preferenciais são tendência em toda cidade que se preocupa com a qualidade de vida de sua população. A maioria precisa ser privilegiada. E a maioria está no transporte coletivo. Nesse sentido, a prefeitura de Goiânia acerta ao comprar a briga e implantar essa política de aumentar a fluidez dos nossos ônibus. Já basta de priorizar o transporte individual: egoísta, poluidor e nada racional. Se o preço a ser pago para viver em uma cidade mais decente é proibir o estacionamento em toda e qualquer avenida de duas pistas, paciência. Que assim seja.
Além disso, nós precisamos perder o hábito interiorano de parar o carro na porta de onde precisamos ir. Vivemos novos tempos. A gente saiu do interior de Goiás para a capital, mas parece que o interior de Goiás não saiu do nosso comportamento. Em nenhuma cidade com perfil cosmopolita isso acontece. E não acontecerá mais em Goiânia. Para bater a real, já não está rolando. Afinal, se não é proibido o estacionamento, provavelmente aquele lugar já estará ocupado por outros carros antes de você chegar. É só fazer o teste.
Acho que a política de restrições para estacionar deve ser ampliada. Tudo pela fluidez de nosso transporte coletivo. E precisamos também criar alternativas mais contemporâneas para quem quer estacionar. Cadê os parquímetros de Campinas? Cadê os edifícios de estacionamentos em pontos chave da cidade? Cadê os estacionamentos subterrâneos a preço popular em nossas praças? As restrições devem andar juntas das alternativas. E, até agora, só vejo ações de um lado e o outro sendo esquecido.
Pablo Kossa
Jornalista, produtor cultural e mestre em Comunicação pela UFG / [email protected]
Publicado em A Redação
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